sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Destino, vocação e estilo

DIAS, Maurício. A mentira das Urnas. Rio de Janeiro: Record, 2004.

Resenha dos Capítulos VI e VII (pág. 143 a 162)

No capítulo VI do livro, Maurício Dias muda bastante o estilo e faz uma análise mais crítica da influência política na distribuição de cargos comissionados na administração pública federal. Deixa de lado as histórias pitorescas e relata as pressões exercidas por políticos em empresas estatais como a BR Distribuidora e a reação de diretores indignados desta empresa a essas pressões.
Relata também pesquisas feitas pela Agência de Consultoria de Risco Kroll em parceria com a Transparência Brasil sobre pressões que empresas privadas sofreram para contribuírem para campanhas eleitorais. Do universo pesquisado em 2003, o percentual espantoso de 74% dos empresários sofreu algum tipo de pressão ou sondagem para contribuir com campanhas eleitorais. Em contra partida, essas empresas receberiam favores tais como “relaxamento de inspeção”, “deixar de ameaçar”, “não ver fraudes” e “não ver valores não declarados”.
No capítulo final o autor resume o que no seu entender são os principais problemas das campanhas eleitorais brasileiras, relata a opinião de pessoas envolvidas no processo eleitoral que buscam soluções para os vícios constantes neste processo. Relata que uma inovação neste processo viciado é a criação por políticos de Centros Sociais, uma forma nova de assistencialismo em comunidades carentes.
Maurício Dias reafirma sua opinião que o principal problema das eleições atuais é o marketing eleitoral, em que idéias são substituídas por campanhas milionárias e os candidatos tratados como produtos a serem vendidos a eleitores alienados. Sugere como solução o financiamento público de campanha, e a conseqüente limitação destes gastos.
O livro A Mentira das Urnas é de leitura fácil, traz um amplo resumo das mazelas de nosso processo eleitoral, além de ser bastante divertido ao contar fatos pitorescos e engraçados da nossa historia. Mas é falho em alguns pontos. Em poucos momentos o autor responsabiliza quem de fato tem o poder neste processo: o eleitor. O autor trata o eleitor como se fossemos todos massa de manobra de políticos inescrupulosos. Somos sempre levados ao erro e não reagimos. Em nenhum momento a educação de nosso povo ou nossa índole é causa ou efeito desta manipulação. Temos, nós eleitores, responsabilidades em todo o processo e se a maioria ainda se deixa levar por políticos inescrupulosos, é por falta de consciência e esta só teremos quando todos tiverem educação.
Outro ponto a ser criticado é a interpretação dada pelo autor, que os problemas relatados são unicamente brasileiros. Mesmo sabendo que existem particularidades de nosso país, muitos dos problemas relatados são problemas da Democracia e atingem todos os países que tem eleições livres.


Destino, vocação e estilo

Nelson Motta
Jornal O Globo
24/10/2008

O Rio de Janeiro morreu, simbolicamente, pela primeira vez em 1960 quando deixou de ser Capital da República.
Morreu novamente em 1976, durante o regime militar, quando o fundiram a um Estado atrasado e dominado pelo coronelismo.
Finalmente foi massacrado pela intervenção feita no diretório carioca do PT, feita por Lula e sua turma, em 1998 quando destituíram a candidatura de Vladimir Palmeira (PT autentico) para entregar a cidade e o estado ao brizolista Garotinho, que comandou 08 anos de atraso e populismo.
Esse populismo provinciano foi eleito com votos do interior, já que na Capital, o marido de Rosinha só conseguiu ser ridicularizado como em sua famigerada greve de fome.
Castigou a cidade com rancor e ressentimento, brigando com a prefeitura e o governo federal. No meio disso, a Cidade do Rio de Janeiro pagou o pato.
Qual cidade do mundo resistiria a 02 governos Brizola, 02 governos Garotinho/Rosinha com um Moreira Franco no meio?
Eles teriam quebrado Tóquio, Madrid e São Paulo. O Rio de Janeiro sobreviveu e continua lindo.
Seu nome: MUI HERÓICA CIDADE DE SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO.
Seu padroeiro: um santo crivado de flechas.
Mesmo depois de 03 mortes, seu destino é renascer, se reinventar como metrópole, viver para a natureza, as artes e a inovação.
O Rio precisa de um novo estilo político, um novo governo democrático, com independência, transparência e eficiência.

É DESTINO, VOCAÇÃO E ESTILO


Análise crítica da matéria baseada no livro:

O autor da matéria citada consegue em poucas linhas registrar todo o livro apresentado. É importante ressaltar que apesar de escrito em 2004, o texto do livro se mantém atual e as mazelas apresentadas são as mesmas.
A contradição apresentada é que o eleitor carioca não se submete a manipulação de políticos inescrupulosos, mostrando que quer mudanças sim, mas conscientes.
O texto mostra que o marketing pessoal, acima do político, tem vez na cidade, apesar dos currais eleitorais, mandos e desmandos de caciques e coronéis.
A política de favorecimento de classes se mostra nos dois textos.
Há um grande contraste entre os dois textos sendo que a matéria jornalística é um ode a esperança e o espírito de luta carioca, enquanto que o livro traça um futuro sombrio para o pobre eleitor brasileiro.

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